quarta-feira, 13 de agosto de 2008

brechó virtual


E na onda do brechó virtual da Amora, eu também quero um troca-troca!!!


Troco meu diploma de arquitecta (que pelo jeito não vale NADA), por uma carterinha do "Grupo Excursionista Vai Tu", ou por um módulo de 5 viagens de eléctrico.


Alguém?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

HAIL NOKIA




todos os semestres faço uma limpeza nos meus armários. escolho roupas, sapatos e acessórios que não uso mais (ou que pelo menos não usei nos últimos três meses) e dou para alguém que precise mais do que eu.


exactamente pelo mesmo processo, passam os papéis ... (não sei porquê, mas tenho mania de guardar tudo quanto é coisa que tenha algo escrito... sejam caixas de sucrilhos kellog’s ou até embalagens de açúcar daqueles de pastelaria que trazem frases profundas como "um dia largo tudo e vou ao ginásio"...) do lixo, salvam-se apenas aqueles essenciais (que são poucos).


neste ano, acho que alarguei o projecto para outro domínio um pouco mais delicado do que as pulseiras de plástico ou as embalagens de açúcar de pastelaria... de repente, sou assaltada por uma necessidade de não perder tempo nem investir energia em pessoas que já não acrescentam nada à minha vida... tenho sentido aversão por fofoquinhas e afins... e com "afins" refiro-me também àquelas iniciativas bem intencionadas de "tomar conta de alguém", de "zelar pela integridade de alguém", o que muitas vezes leva à invasão da esfera particular deste alguém e que na maior parte das vezes nasce duma falta crónica de interesse pela própria vida (estava quase a escrever "falta do fazer" mas isto seria um erro conceptual... a "falta do que fazer" tal como entendida pela civilização moderna não existe - há sempre o que fazer e o que melhorar em si mesmo... só os pobres de espírito não percebem isto...).


em concreto, tenho deixado de alimentar amizades e ligações que já não me dizem mais nada, mesmo que um dia na minha vida essas mesmas amizades e ligações tenham sido cheias de sentido.


já tentei apontar diversas razões para esta limpeza que estou a operar no meu caderninho de contactos: arrogância, depressão, impulso de isolamento, egocentrismo, velhice, loucura... na realidade, qualquer uma dessas razões serve para este efeito.


o mais interessante é que eu estou a lixar-me para todas elas (tal a minha arrogância)... não me interessa o porquê de eu precisar de espaço interno para preencher com coisas novas e construtivas. simplesmente preciso e pronto. se as pessoas quiserem continuar a discutir as roupas que eu uso para ir ao trabalho, o número 4 de todos os 5 namorados que eu tive na minha vida(aprenda, amoralinha!!!), a quantidade de coisas que eu faço ao mesmo tempo, a mania que tenho de comer sempre as mesmas coisas e de fazer sempre os mesmos caminhos e o meu péssimo hábito de gostar de ser sincera comigo mesma, não tenho nada contra isto - se diverte-as, acho muito bem! desde que me deixem em paz e não fiquem a repetir nos meus ouvidos as próprias opiniões acerca da minha pessoa - opiniões, aliás, em que eu absolutamente não tenho interesse algum.


Por coincidência (ou bruxaria), o meu telemóvel apaga todos os meus contactos de três em três meses, o que me obriga a "caçar" novamente aquelas pessoas que eu quero manter e a perder as que já não me interessam ... a primeira vez que isto aconteceu, pensei em trocar o telemóvel... entretanto na altura não fiz isso e não sabia porquê. Hoje acho que sei...

amora

terça-feira, 5 de agosto de 2008

paragem de autocarro



Existem várias situações cómicas que envolvem, paragens, autocarros, condutores de autocarros e passageiros de autocarros. Quem anda de autocarro sabe, e quem não anda, pode ficar sabendo o que não está perdendo... São coisa do tipo:



1) Uma delas é a história da bicha... tá bom, ter uma bicha organizadinha é fixe, assim dá prá evitar o empurra-empurra na hora de entrar e etc... mas, tem coisa que não dá, tipo: quando tá o maior sol, ou a maior chuva. Daí, ou vc esturrica no sol ou ensopa na chuva. A alternativa é ficar protegidinha no canto da paragem. O problema é que depois, possivelmente viaja de pé quando o colectivo chega...
2) Caldeira de árvore bem na frente da porta da saída! Quem foi que se lembrou de plantar, justamente naquele local, uma árvore raquítica com uma caldeira que mais parece um charco? Daí, vc tá toda produzida, com aquele sapatito que te custou uma fortuna na Happy Days e tem que levantar a barra da pantalona e fazer o maior malabarismo para não chafurdar na caldeira até o joelho!
3) Quiosque de revistas ao lado da paragem ... Ah, isso é bom! É um momento de muita intimidade... É aí que vc lê as capas das revistas e fica sabendo daquelas coisas que todo mundo comenta...que todo mundo sabe... menos você, do tipo: a amizade do Castelo Branco com Frota na Quinta das Celebridades, os comentários da Pimpinha, as extensões de cabelo da Fernanda Serrano ou o vexame do Benfica!
4) Condutor que demora a dar o toco do bilhete! Pois é, isso é muito irritante. Tem vezes que a gente entra no autocarro e dá 1,5 Euros prô condutor, daí, ele pega o seu dinheiro, mete dentro da gavetinha e arranca. Daí, vc sente um calafrio e pensa: a) será que ele vai me dar o troco e o módulo com o veículo em movimento ou, b) vai esperar até a próxima paragem? É uma tristeza quando vc percebe que ele optou pela resposta b. Isso significa que vc vai ter que ficar esperando a boa disposição do gajo e possivelmente perder aquele assentinho individual da frente da porta de saída...
5) Quando a gente faz peixerada com o jovem que está sentado no assento reservado para pessoas com problemas de mobilidade e, quando ao fim de muitos argumentos e alguma agressividade vc convence o sujeito a levantar...daí, vc fala prô velhote que está do teu lado: “pode sentar” e... ele responde: “obrigado minha filha, mas eu não quero me sentar”. Daí, A GENTE senta e chora!


Amora´

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

POMBOS... GIROS


Suponhamos que hoje eu sou uma pomba – detesto pombas mas, de alguma forma, nos últimos dias tenho-me sentido solidária com elas…

Assim, agora – para efeitos deste texto – eu sou uma pomba…
Então… eu estou ali numa das praças tranquilas de Lisboa, por exemplo a Praça das Flores, a desempenhar algumas das minhas tarefas habituais de todas as manhãs como voar do lado direito da praça para o lado esquerdo; colaborar esporadicamente com “material orgânico” para a decoração da calçada ou para o realce da estampa da T-Shirt dalgum "felizardo" que por acaso está no lugar certo na hora certa … todas estas coisas importantíssimas para a sociedade, sempre com a “esperança do pequeno almoço”: pedaços de pão que alguém sempre traz para estimular a minha fertilidade e assim aumentar o número de pombas que desempenham tarefas socialmente relevantes como as mencionadas acima…

Pois… lá estou eu, no meu estilo pombalino, à espera das migalhas que vou conseguir arrancar às minhas colegas para conseguir subsistir por mais um dia… mas… espera lá… o que é isto?? Hoje há algo de diferente… Não é a velhota habitual que nos vem trazer o pequeno-almoço de todos os dias… são uns homens – cá entre nós muito giros… se fossem pombos, seriam “pombos-giros”**… pois é… as pombas também têm sentido de humor :-) … - vestidos numas roupas amarelas fosforescentes… extra terrestres talvez (??) … ah não… infelizmente não… são funcionários da Câmara mesmo… o quê?? Eles trazem pequeno-almoço para um ano inteiro! Olha lá pombarada!! Eles jogaram tudo ao mesmo tempo bem no centro da praça! Vou voar lá… ou melhor, todas nós vamos… ai meu Deus!! - além de ser uma pomba com sentido de humor, sou também católica… mas não… ainda não pertenço à maçonaria – este é meu… este também… espera aí!! O que é isto? Uma rede!!! Uma rede!!! Meninas… fujam!! Esforço... esforço… esforço… ufff… escapei!! Que bom!
Consigo, então, voar até a Assembleia da República (quem sabe a Democracia me salva) … mas… espera lá… sinto-me mal… deveria ter balanceado melhor a quantidade de hidratos de carbono ingerida logo pela manhã (meu personal trainer vai me matar!!) … mas sinto-me mal mesmo… oh Eléctrico! Dá uma ajudinha aqui! Espera aí... mas de repente, sinto-me bem… como se flutuasse… O quê?? O que é aquilo ali? Sou eu?? Euzinha… morta… ali na calçada da “Casa da Democracia”… Ai que medo… E o que é isto?? Um anjo?? Para onde me leva meu Senhor?… Ainda mais sem as minhas colegas?? Não!! Pára tudo, Sr. Anjo! Eu não subo enquanto não ver o que vai acontecer ao meu corpo pombalino… ali jogado na calçada da Assembleia da República… Vou sentar-me aqui nesta árvore e esperar para ver o que acontece. Depois pode carregar-me para onde quiser…

E assim passam-se dias… muitos… e Eu aqui, enquanto espírito de pomba morta, sentada nesta árvore à espera de alguém que dê um fim aceitável aos meus restos materiais…
Pois… e juro que neste intervalo de tempo, vi muita coisa que – talvez por causa da minha existência de pomba (morta??) - não consigo perceber … coisas curiosas como o meu corpinho estar ali jogado às vistas de todos… a apodrecer… enquanto aqueles extra terrestres vestidos de amarelo gastam horas e horas no grande projecto de multar velhotas “infractoras” que dão de comer às minhas primas… e, passados tantos dias, consegui formular uma teoria… uma conclusão (pombalina!)… a de que tanto Eu, enquanto espírito de pomba morta, quanto as centenas de pessoas que já vi passar por aqui e as velhotas que alimentam os pombos numa tentativa desesperada de serem úteis para algo… merecem um fim mais digno… Mas, afinal, quem sou Eu – espírito de pomba morta, que nem gira** era – para dar palpites em assuntos de Estado?

** Pomba-gira: Pomba-gira ou pombajira, por vezes grafada pombagira é uma entidade que trabalha na Umbanda e na Quimbanda, na linha de esquerda e que representa a sexualidade e a magia.

Amora