todos os semestres faço uma limpeza nos meus armários. escolho roupas, sapatos e acessórios que não uso mais (ou que pelo menos não usei nos últimos três meses) e dou para alguém que precise mais do que eu.
exactamente pelo mesmo processo, passam os papéis ... (não sei porquê, mas tenho mania de guardar tudo quanto é coisa que tenha algo escrito... sejam caixas de sucrilhos kellog’s ou até embalagens de açúcar daqueles de pastelaria que trazem frases profundas como "um dia largo tudo e vou ao ginásio"...) do lixo, salvam-se apenas aqueles essenciais (que são poucos).
neste ano, acho que alarguei o projecto para outro domínio um pouco mais delicado do que as pulseiras de plástico ou as embalagens de açúcar de pastelaria... de repente, sou assaltada por uma necessidade de não perder tempo nem investir energia em pessoas que já não acrescentam nada à minha vida... tenho sentido aversão por fofoquinhas e afins... e com "afins" refiro-me também àquelas iniciativas bem intencionadas de "tomar conta de alguém", de "zelar pela integridade de alguém", o que muitas vezes leva à invasão da esfera particular deste alguém e que na maior parte das vezes nasce duma falta crónica de interesse pela própria vida (estava quase a escrever "falta do fazer" mas isto seria um erro conceptual... a "falta do que fazer" tal como entendida pela civilização moderna não existe - há sempre o que fazer e o que melhorar em si mesmo... só os pobres de espírito não percebem isto...).
em concreto, tenho deixado de alimentar amizades e ligações que já não me dizem mais nada, mesmo que um dia na minha vida essas mesmas amizades e ligações tenham sido cheias de sentido.
já tentei apontar diversas razões para esta limpeza que estou a operar no meu caderninho de contactos: arrogância, depressão, impulso de isolamento, egocentrismo, velhice, loucura... na realidade, qualquer uma dessas razões serve para este efeito.
o mais interessante é que eu estou a lixar-me para todas elas (tal a minha arrogância)... não me interessa o porquê de eu precisar de espaço interno para preencher com coisas novas e construtivas. simplesmente preciso e pronto. se as pessoas quiserem continuar a discutir as roupas que eu uso para ir ao trabalho, o número 4 de todos os 5 namorados que eu tive na minha vida(aprenda, amoralinha!!!), a quantidade de coisas que eu faço ao mesmo tempo, a mania que tenho de comer sempre as mesmas coisas e de fazer sempre os mesmos caminhos e o meu péssimo hábito de gostar de ser sincera comigo mesma, não tenho nada contra isto - se diverte-as, acho muito bem! desde que me deixem em paz e não fiquem a repetir nos meus ouvidos as próprias opiniões acerca da minha pessoa - opiniões, aliás, em que eu absolutamente não tenho interesse algum.
Por coincidência (ou bruxaria), o meu telemóvel apaga todos os meus contactos de três em três meses, o que me obriga a "caçar" novamente aquelas pessoas que eu quero manter e a perder as que já não me interessam ... a primeira vez que isto aconteceu, pensei em trocar o telemóvel... entretanto na altura não fiz isso e não sabia porquê. Hoje acho que sei...
amora
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