Vou directo ao que interessa! Não vou me apresentar nem explicar o que é este blog. Não interessa! É um desabafo. Isto mesmo. Um desabafo colectivo, meu e da minha querida amiga Amoralinha. Enfim, sem mais… prossigo.
Inspirada numa catalogação das espécies de cocó de cães que se encontra pelas ruas de Lisboa publicada já há algum tempo num blog moribundo, resolvi fazer uma catalogação do mesmo género: fiz uma catalogação dos tipos de homens que tenho tido o “enorme prazer” de conhecer nos últimos tempos pelas noites (e tardes e dias…) de Lisboa. E o resultado foi o seguinte:
Espécie “PANTUFEIRO” (o tipo que até agora parece ser o predominante por estas bandas…): trata-se daquele gajo que quando vai dormir pela primeira vez na casa da namorada traz os pijamas com estampa de cãozinho que ganhou da avó no seu 18º aniversário (grande data! Maioridade penal!! Já pode ser preso pelos crimes que comete, como chegar atrasado na casa da mãe para tomar a SOPA do final de tarde…) e – o melhor de tudo!! – as PANTUFAS!! (afinal, como é que se pode passar uma noite elas???). Além de carregar as pantufas para todos aos lados… em geral, têm medo de tudo, não arriscam nada (o status quo é sempre a opção!), são hiper responsáveis (para não decepcionar a mãe!!) e têm mania de limpeza (cuidado mulheres quando virem que um novo Date tem no carro aqueles líquidos anticépticos para limpar as mãos…). O Pantufeiros em geral moram com a mãe, ou, no mínimo, num apartamento que pertence à mãe, ou que ganharam da mãe… ou até mesmo num apartamento que tenham comprado (estes já são uma variação dentro da espécie Pantufeiro – o Pantufeiro Independente), mas que esteja localizado no mesmo prédio do apartamento da mãe.
Espécie “CABACINHA TRADICIONAL” (um tipo muito corrente em Lisboa): Trata-se daqueles que são muito inteligentes, escrevem artigos nos jornais com premissas absolutamente revolucionárias mas com conclusões absolutamente tradicionais. Os Cabacinhas Tradicionais costumam andar por aí de calças de gangas - o que lhes dá um ar moderno… - mas daquelas bem comportadas (sem variações de tonalidades de azul, sem furos ou remendos e, sempre, num corte tradicional!!). Atenção, o “querido” MOCASSIM é também uma constante nos Cabacinhas Tradicionais. Os Cabacinhas Tradicionais em geral não moram mais com a mãe mas passam na casa dela todos os dias para tomar SOPA - hein??!! – e para levar as camisas para engomar… Trata-se dum tipo que até vislumbra a vida para além dos limites da SOPA do final de tarde na casa da mãe, mas não consegue se livrar deste ritual (mesmo quando não vão à casa da mãe para tomar a SOPA, porque terão um semana muito cheia de trabalho, trazem já no Domingo um “panelão” cheio de SOPA para durar até o próximo Domingo)… Os Cabacinhas Tradicionais são um tipo perigoso porque até conseguem convencer uma mulher (no começo, é claro…) de que são homens experientes, ousados e seguros de si. CUIDADO COM AS APARÊNCIAS!!
Espécie “CABACINHA MIRIM DA ONDA”: Trata-se daquele tipo que se encontra numa faixa etária ambígua (dos 19 aos 28 anos)… que já têm a aparência de homens … e que já se interessam por cotas como nós, rondando a faixa dos 30 (mas com tudo em cima J )… estes em geral são filhos de pais divorciados, ou seja, provêm duma casa onde a estrutura familiar dificulta a SOPA de todos os dias… Mas cuidado mulheres!! Atenção! Eles não “têm” a SOPA, entretanto desejam acima de tudo! Alimentam diariamente a esperança de chegar um dia em casa e encontrar a SOPA… mas como a realidade é dura… ficam sempre frustrados. Portanto, o Cabacinha Mirim da Onda é em geral um tipo incompleto (afinal não tem a SOPA) que procura preencher esta “lacuna” das mais variadas formas: a indissociabilidade da MALTA da “Facú” (faculdade…) que representa o território seguro.., conhecido… aquilo que para os Pantufeiros (já mais velhos e experientes… ehehehehe) é representado pelo sagrado “status quo”; a manutenção da namoradinha do jardim da infância até a fase adulta (ou até o fim da vida, sabe-se lá…) ou a manutenção de vínculos próximos com a “ex” do jardim da infância, aquela que fica guardadinha no baú representando a “eterna potencialidade da Sopa”…; e – o traço mais marcante deste tipo – a paranóia (quase “nietzscheana”) do eterno retorno à casa – ELES NÃO CONSEGUEM DORMIR UM DIA SEQUER FORA DE CASA!. Entretanto, como os Cabacinhas Mirins da Onda tiveram uma criação menos católica (pais separados…), mais aberta a mudanças e pertencem a uma geração mais jovem… eles diferem dos Pantufeiros e dos Cabacinhas Tradicionais porque já usam calças de gangas com cortes modernos (daí a denominação “da Onda”!), tonalidades manchadas (e até buracos!!) e sobretudo até sabem e gostam de fazer sexo. Mas cuidado mulheres! Eles trocam qualquer coisa pela mera “SOMBRA DA SOPA”… e aí, já chegamos a Platão e sua maravilhosa alegoria da Caverna…
Espécie “COOL METRO”: Trata-se da negação do “Pantufeiro” e duma evolução do Cabacinha Tradicional. Estes têm horror a compromissos, são irresponsáveis e têm um quotidiano “vampírico”: saem quase todas as noites até de manhã e dormem até tarde. Podem fazer isto porque são em geral “profissionais-liberais”, que começam a trabalhar à hora do almoço ou vivem do seguro desemprego, do “seguro SOPA” (da mãe…) etc… Os Cool Metro são muito “cool!!!”. Usam roupas cool, têm cabelos com cortes cool, só conhecem pessoas cool, usam cosméticos muito cool, frequentam lugares cool… e muitos deles têm até filhos cool de ex(eternas)-mulheres muito cool… Os Cool Metro (para provar que têm uma relação absolutamente cool com o sexo) só fazem sem preservativos e adoram “one night stands”… mas cuidado mulheres! Muitos deles são dados àquela “queda nietzscheana do eterno retorno”… gostam de repetir algumas one night stands para sempre… com todas as mulheres que já saíram por aí… e com a desculpa de que são 100% honestos, de que não estão a enganar ninguém e que, por isso, não estão a fazer nada de mal. Em geral, os Cool Metro, quando atingem idades avançadas, tendem para uma metamorfose em Pantufeiros (a repulsa e o desejo como as duas faces da mesma moeda… Freud explica!!) …
Espécie “COOL SUJO”: São identificáveis pelo estilinho rasta… em geral andam pela zona do Adamastor e gostam de manter aquela aparência de mendigos com um background de elite. São perfeitos para casos passageiros (daqueles que a gente precisa para tirar a “urucubaca” de algum coração partido…) já que, devido ao excessivo consumo de maconha, nunca se lembram do que fizeram ontem… Estar com eles é equivalente a um dia na praia…
Espécie “FILHINHO DE DOSTOIÉVSKI”: De todos os tipos, na minha humilde opinião, os Filhinhos de Dostoiévski são os mais medíocres… Muito estudados e cultos, já leram todos os livros do Dostoiévski mais de duas vezes (até em aramaico!) e viram os filmes do Truffaut no mínimo sete vezes cada um, cinco delas em câmara lenta (para demorar mais para acabar…). São absolutamente contra todas as instituições, cospem no casamento… Aliás, adoram cuspir conhecimentos e justificar as “cafagestagens” que aprontam por aí com citações de Kikegaard e afins… Atenção!!! Têm mania de triângulos amorosos (qualquer semelhança com os romances do querido “Dosto” ou filmes do “Truffie” é mera coincidência…); buscam sempre a mulher ideal (que, por sinal, deve ser sempre muito bonita, inteligente, independente e, principalmente, SOFREDORA, MELANCÓLICA, aquela que vai acabar só porque o herói da história tem algum impedimento…) e, como é de se esperar, nunca a encontram… a busca continua sempre…
Espécie “TAPADOS POR EXCELÊNCIA”: São os mais fáceis de descrever. Em geral andam de bermudões da Timberland e T-Shirt. A sandalinha “romana” é uma constante. São fáceis de descrever porque são vazios. Simplesmente estão no mundo mas ainda não perceberam. Passam pela vida como passariam por qualquer coisa… sem notar nada. São muito dóceis e concordam com tudo desde que não provocados a pensar… neste caso, viram monstros… “como assim? Quer que eu pense?? Onde já se viu??”. Não magoam nem marcam. São fáceis de esquecer…
Enfim, estes são os sete “tipos” que consegui identificar ao longo dos últimos meses de “guerra”… Dada a descrição acima, resolvi retirar-me do campo de batalha e aproveitar o meu tempo com coisas mais interessantes… Mas como a esperança é a última que morre, deixo aqui um último tipo:
O “WANTED”, cuja descrição é ainda mais simples do que a do Tapado por Excelência – AQUELE QUE NÃO SE ENCAIXA EM NENHUM DOS MODELOS ACIMA (e que com certeza anda por aí... eu mesma já topei com alguns... mas deixei passar...).
Ass: Amora