terça-feira, 29 de julho de 2008

quando o mundo muda


E imaginem que de repente, o centro do seu mundo deixa de ser você. De repente, aquilo que primeiro te vem a cabeça não é mais o seu próprio bem estar. Aquilo que realmente te importa não é seu corpo nem a sua mente ou a sua vida.

Não, você não morreu... pelo contrário, você teve um filho.

Quando ouvimos falar que ao ter um filho, a nossa vida muda radicalmente, pensamos sempre que o que vai mudar é a nossa rotina e nossas prioridades. E, como é óbvio, isto de facto muda definitivamente. Mas, a mudança mais significativa, assustadora e bonita é a mudança do sentido da nossa vida.

De repente, aquilo que há algumas semanas atrás fazia todo sentido, lhe parece absolutamente pointless, e coisas que dantes passavam despercebidas, tornam-se tão importantes e bonitas que sentimo-nos como estúpidos por não termos reparado nelas com maior antecedência.

Coisas tão simples como o próprio passar do tempo. É, o passar do tempo, quando temos um filho torna-se particularmente especial. A presença física de um filho faz com que relacionemos as gramas, os centímetros, o número de sorrisos com os dias passados. Depois relacionamos os anos com as descobertas, paixões, decepções e conquistas.

Um filho é a materialização do tempo, um filho é a materialização da felicidade .

Num repente, as nossas crises existenciais perdem importância, dando lugar a uma certeza absoluta que nos preenche e completa. A presença do filho.

A força da insubstituível presença daquele que você gerou, implica na observância de factores como; a importância daquilo que comemos, a temperatura ambiente, as estações do ano, a saúde daqueles que nos rodeiam, os níveis de ruído, a qualidade do ar, a qualidade das nossas relações, a importância e beleza do tempo. Estes factores, que dantes pareciam alheios a nossa vontade, depois da chegada do filho nos parecem manipuláveis.

São as nossas escolhas que passam a ter um critério completamente diverso. Agora nos parece um pouco mais óbvio escolher isto em detrimento daquilo, visto que fazemos escolhas a pensar por alguém. Sempre foi mais fácil resolver as questões alheias. Deve ser por isto que os pais têm sempre aquele ar de quem conhecem o segredo do universo e têm respostas para todas as questões.

Assim, o nosso mundo muda e já não somos mais aquilo que éramos. Somos mais. Mais complexos, mais importantes, mais bonitos, mais felizes. Assim, agora, somos dois.

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